O milagre de Istambul: como o Liverpool virou um jogo impossível

Saiba mais sobre a final emocionante da Champions League de 2005 entre Liverpool e Milan que terminou nos pênaltis

A final da Champions League de 2005 entre Milan e Liverpool é considerada uma das mais emocionantes da história da competição. Disputada nos pênaltis, a partida foi uma verdadeira batalha durante os 90 minutos regulamentares e contou com grandes jogadas até os últimos instantes. 

Recheada de craques para os dois lados, é lembrada como um dos melhores confrontos entre clubes do século 21. Ela mobilizou torcidas gigantes do futebol europeu e mundial.

Se interessou? Confira este artigo que eu te conto mais detalhes de uma das grandes partidas recentes da modalidade esportiva.

Milan, preferido da partida

Quem é fã de futebol lembra daquele lendário esquadrão do Milan. A equipe contava com craques de peso, como Paolo Maldini, Pirlo, Kaká, Cafu e Seedorf. Era um dos melhores times da Europa e do mundo. 

Apesar de toda a tensão envolvida por se tratar de uma final, o elenco comandado por Carlo Ancelotti fazia uma ótima campanha no Campeonato Italiano e na própria Champions League. Ocupava o topo da tabela da Série A e a primeira posição no grupo da competição, que também tinha Barcelona, Shakhtar Donetsk e Celtic. 

Na fase de mata-mata, derrotou o Manchester United nas oitavas e venceu os jogos contra o clube rival, o Internazionale de Milão, nas quartas. Por fim, ganhou do PSV nas semifinais, carimbando seu lugar na decisão.

Vale dizer que a equipe havia conquistado o quinto título da Champions League duas temporadas atrás em cima da Juventus. Para garantir a vitória, manteve praticamente o mesmo time daquela ocasião. Isso confirmou o favoritismo na final com o Liverpool. 

Má fase do Liverpool

Por outro lado, a equipe comandada por Rafael Benítez estava longe de disputar o título da Liga Inglesa. Terminou na quinta colocação da famosa Premier League. A confiança da imprensa e a torcida no trabalho da comissão técnica espanhola era baixa. O momento, pouco propício.

Já na Champions, foi uma das surpresas das eliminatórias. Venceu o Bayer Leverkusen nas oitavas, a poderosa Juventus nas quartas e o Chelsea na semifinal. Contava com a grande fase de Steven Gerrard e Xabi Alonso, pilares do time durante a temporada. 

Começa a final da Champions League 2005

A noite era de 25 de maio de 2005. O Estádio Olímpico Atatürk, em Istambul, recebia o que viria a ser uma das maiores finais da história da Champions League. Logo no início da partida, gol do Milan. Com menos de 1 minuto no relógio, o zagueiro Paolo Maldini abriu o placar. Um balde de água fria na equipe do Liverpool.

Em uma atuação magistral, Kaká participou de outras duas jogadas. Contou com a marcação de Crespo, atacante do clube vermelho. Visivelmente abatidos em campo, os ingleses apenas assistiam ao espetáculo dos italianos. A sensação geral era de que a vitória já havia sido definida logo na primeira etapa, inclusive com boa margem para goleada.

Apesar da grande história dos times que eram invencíveis em seus países, a disputa não estava nada nivelada. O Milan facilmente se impôs, apresentando um futebol divertido e efetivo ao mesmo tempo.

A reviravolta do Liverpool

Apesar da difícil sensação, as arquibancadas do Liverpool não desistiram de apoiar a equipe. A famosa cantoria You’ll Never Walk Alone era ouvida aos gritos por parte da torcida inglesa. Foi a força que os jogadores precisavam para protagonizar uma das viradas mais icônicas do século. 

Começa a segunda etapa e o que ninguém esperava aconteceu. Em praticamente seis minutos, o time diminuiu o placar com um gol de cabeça de Gerrard logo nos lances iniciais. Tudo que eles queriam para acender a chama da reação e mudar o jogo. 

Com a torcida inflamada, os Reds marcaram novamente. Dessa vez, Vladimír Šmicer. Aos quinze, o que todos achavam improvável veio à tona: pênalti marcado para Gerrard. Volante, Xabi Alonso fez a cobrança e empatou o confronto. Milan que até então estava dominando a partida, viu sua vantagem sumir rapidamente. 

O placar seguiu 3 a 3 até o final do tempo extra, entrando nas penalidades máximas. E para dar mais uma pitada de emoção a essa história épica, quem protagonizou as cobranças foi alguém surpreendente. 

Pênaltis e o momento final

Muitas pessoas acreditavam que Gerrard, Xabi Alonso ou Kewell seriam responsáveis pela vitória. Na realidade, o grande nome foi Dudek. Sim, o goleiro muitas vezes contestado por suas atuações inconstantes na temporada. Neste jogo, ele fez bonito.

A equipe italiana abriu as penalidades em desvantagem: o brasileiro Serginho desperdiçou o primeiro chute. Em seguida, Hamann marcou para o Liverpool. Na segunda tentativa, o capitão Pirlo deixou nas mãos de Dudek. Mais uma cobrança perdida pelo Milan.

Cissé pontuou, enquanto Tomasson marcou a estreia vermelha na disputa. O placar estava 2 a 1 para o clube inglês, que precisava apenas de um gol para levantar a taça. No entanto, o lateral norueguês Riise não aproveitou sua vez.

Kaká empatou para os Rossoneri em ótima cobrança, jogando a responsabilidade para Šmicer. Atacante, ele garantiu seu pênalti. Com os pontos em 3 a 2, a única oportunidade do time italiano pairava nos pés de Shevchenko. Craque da Ucrânia, sua missão era acertar e manter viva a chance do título.

A tentativa parou nas mãos de Dudek, encerrando a disputa lendária e consagrando a vitória do Liverpool na Champions League de 2004/2005. Uma noite memorável para as duas camisas de times europeus de primeira prateleira. 

Essa final clássica Milan x Liverpool 2005 é reconhecida como uma das maiores da história da competição, nomeada de O Milagre de Istambul. O que aconteceu no Estádio Olímpico Atatürk naquela data elevou a camisa do Liverpool, que vivia carência de títulos na época. Depois disso, ela foi a outro patamar no futebol mundial.

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