A Batalha de Nuremberg: o jogo mais brutal da história das Copas
Esse jogo da Copa do Mundo de 2006 se destacou por faltas agressivas e várias polêmicas. Saiba mais!
Desde que o futebol surgiu e ganhou o gosto das pessoas, muitas partidas mostram como o público ama tanto o esporte, a ponto de exagerar de vez em quando. O espetáculo em si traz a esperança de grandes jogadas e gols maravilhosos, com craques desfilando nos gramados, chamados de tapete verde justamente por isso.
Porém, não é só disso que é feito. A partir da edição de 1966 da Copa do Mundo, os cartões amarelo e vermelho simbolizam punições por atos em campo. Agora, o que ninguém esperava aconteceu na batalha de Nuremberg, chamada por muitos de o jogo mais violento do mundo.
Por que A Batalha de Nuremberg é considerada uma partida tão violenta?
A data marcava 25 de junho de 2006. Era o segundo dia de oitavas de final da competição com sede na Alemanha e as equipes de Portugal e Holanda prometiam uma disputa linda e acirrada.
Dois anos antes, os lusitanos despachavam o mesmo adversário para casa em uma semifinal de Eurocopa realizada na terrinha, como o país é chamado em solo brasileiro. Isso em si já significaria que o clima de revanche faria cada jogador neerlandês se inflamar e atuar em seu máximo.
Além disso, os times traziam uma constelação para os gramados alemães. Do lado português, Figo e Deco representavam os veteranos, enquanto o futuro cinco vezes melhor do mundo, Cristiano Ronaldo, era a promessa da equipe. Para finalizar, o campeão, Felipão, era o técnico.
Comandados pelo grande goleiro Edwin van der Sar, os holandeses tinham na linha jogadores como Sneijder, Robben e Van Persie para levar perigo à meta lusitana. O embate tinha tudo para ser histórico, e foi, mas não do jeito convencional. Com 16 cartões amarelos e 4 vermelhos, a violência tomou conta dos holofotes logo nos primeiros minutos, sendo recheado de tensão e agressividade até o fim.
Lances polêmicos, faltas graves e quase porradaria
Com apenas dois minutos, os rumos da partida já davam as caras quando o futuro craque português, apelidado de CR7, leva uma falta dura que gera um amarelo ao atleta adversário e já cria confusão. Como o juiz russo não passava muita segurança aos presentes em campo, a vingança pela pegada viria logo depois, mas não antes de piorar um pouco por parte dos holandeses.
O cenário violento se tornaria ainda mais pesado no momento que o lateral direito, Khalid Boulahrouz, entrou com a sola na coxa de Cristiano Ronaldo e não recebeu punição nenhuma. Esse lance, inclusive, é visto como o grande divisor de águas daquela noite em Nuremberg.
A partir de então, uma partida de Copa do Mundo dava lugar a quase uma luta de rua, como nos filmes, mas com o detalhe de que balançar as redes era o que realmente contava. Com trava de chuteira no peito de Robben e outras entradas duríssimas, o primeiro cartão vermelho veio com um toque de mão realizado por Costinha, no final da etapa inicial.
Portugal ia para o intervalo com 10 em campo, porém com vantagem no placar. Apesar de ter se tornado apenas um pequeno acontecimento em meio a tanta pancadaria, a equipe portuguesa tinha feito seu gol aos 23 minutos, com Maniche, que também participou da briga, ao revidar a entrada sofrida por Cristiano Ronaldo.
Segundo tempo ainda mais descontrolado
Não dava para imaginar o que aconteceria nos 45 minutos restantes. Ainda que a violência tivesse tomado conta dos atos gerais, foi fácil notar uma camisa da Holanda a mais em campo. No início da etapa complementar, Phillip Cocu acertou a trave adversária e trouxe de volta o futebol para o centro de tudo. Era o que se esperava.
No entanto, nada fazia a batalha diminuir. E, aos 18 do segundo tempo, Boulahrouz levou o vermelho e deixou sua equipe igualada nas punições. Mesmo assim, não havia sinais de melhora. A confusão desta segunda expulsão veio com uma mão na cara de Figo, o que gerou uma briga generalizada e uma cabeçada do português em um adversário.
Quinze minutos depois, um lance de cavalheirismo foi solicitado pelo time até então vencedor, mas a Holanda não devolveu a bola como se esperava. Deco perdeu a calma, fazendo muitas reclamações aos atletas e ao juiz, que não gostou e decidiu agir. Os lusitanos ficavam novamente com um homem a menos.
Faltando pouco tempo para o jogo terminar, Van Bronckhorst fechou a conta e deixou as duas equipes com 9 na linha de cada lado. Mesmo não estando na cabeça de mais ninguém em campo, o placar apontava 1×0 para os lusos e a camisa de Portugal era a que seria vista nas quartas, contra a Inglaterra.
Papel da arbitragem em A Batalha de Nuremberg
O fator principal a ser considerado culpado de toda aquela violência foi a atuação da arbitragem. O russo Valentin Ivanov foi acusado de má gestão dos eventos em campo por todos os envolvidos, principalmente fãs.
A primeira entrada digna de expulsão tinha sido aos 6 minutos de jogo, mas a tentativa de segurar a partida com cartões amarelos não surtiu efeito e alavancou o número de pancadas e punições ao longo daquele evento. Apesar das tentativas de separar as brigas, chegando a atingir um recorde, a situação era realmente muito tensa.
A Confederação Russa saiu em defesa de seu representante. Disse que ele seguiu as determinações da FIFA e não teria motivos para tamanha frustração com o árbitro. Mesmo assim, ainda é visto como o principal agente do caos em Nuremberg.
Ao fim de tudo, Joseph Blatter, nome de destaque da competição e presidente da instituição que comanda o esporte, afirmou que o próprio juiz merecia um cartão amarelo. Se fosse possível, seria o vigésimo primeiro, já que Ivanov apresentou os 20 primeiros aos atletas, batendo o recorde negativo do torneio.
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Como disse no início, o futuro craque, Cristiano Ronaldo, não teve muito o que mostrar. Já titular da seleção, sua qualidade era visada, assim como as pernas. Ao longo da carreira, poucos foram os momentos em que precisou sair por lesão, ainda mais vindo de um lance violento.
Porém, a jogada que liberou a batalha foi a mesma que impossibilitou a continuidade da partida. Para quem tiver interesse na história dele, a matéria com o nome Cristiano Ronaldo: O símbolo e determinação no futebol mostra sua força.