A evolução das torcidas organizadas: de movimentos de apoio à profissionalização
Saiba mais sobre a origem das torcidas organizadas e desafios que elas enfrentam atualmente
Independente dos anos, épocas e gerações, as torcidas organizadas sempre fizeram parte da história do futebol brasileiro, sendo um dos maiores símbolos de paixão pelo esporte no país. De maneira simples, são formadas por grupos de pessoas que se unem para compartilhar um amor em comum.
Apesar de terem começado a aparecer em torno de 1940, foi na década de 1960 que ganharam mais visibilidade. E é claro que cada uma tem sua própria característica, mas todas possuem uma marca registrada: as músicas com baterias e a festa com bandeiras e murais. Dessa forma, a energia contagia atletas e quem está dentro ou fora de casa, quando viajam acompanhando o clube pelo Brasil afora.
No entanto, a influência vai muito além dos estádios. Alcança espaços como o carnaval com escolas de samba, movimentos sociais, campanhas de doação de alimentos, eventos beneficentes, influencia cenários políticos e discussões de temas da sociedade.
Um exemplo recente desse engajamento foi a ação das torcidas organizadas para promover a inclusão de pessoas com autismo no futebol. Assim, podem ir aos jogos com conforto, respeitando seus limites. Isso mostra que mais que apenas apoiar times, também se importam com mudanças significativas.
Portanto, quem se interessa pelo esporte precisa saber que seu papel cresceu ao longo dos anos. A história permite entender que se entrelaçam com outros aspectos da cultura brasileira, como a música, debates importantes e as tradições regionais.
Como surgiram as torcidas organizadas?
No início, a estrutura era menor do que hoje em dia, mas já demonstravam a mesma paixão que seria característica das grandes torcidas nos anos seguintes. Durante as primeiras décadas, as agremiações eram pequenas e o foco estava apenas em acompanhar os jogos.
Os dados sobre o primeiro grupo organizado ainda são divergentes, muitos consideram que foi a Gaviões da Fiel e outros que teria sido a TUSP, ou seja, a Torcida Uniformizada do São Paulo, em meados de 1930. Com camisas e bonés personalizados com cores e símbolos do clube, pessoas que torciam se uniam para se destacar no amor pelo time.
Mas, somente nos anos 1960 e 1970 que se estruturaram com regras internas, hierarquia e uma maior integração, com suporte das diretorias. Nessa época, muitas passaram a usar bandeiras, apitos, faixas e instrumentos musicais.
Ao longo das décadas seguintes, também começaram a se envolver em campanhas de doação de alimentos, roupas e apoio a causas sociais. Um exemplo disso é a criação de espaços específicos para pessoas portadoras de deficiências e limitações assistirem aos jogos, como os Autistas Alvinegros.
As torcidas menores, apesar de terem um caráter mais regional ou local, são tão importantes quanto os grandes grupos. Elas, muitas vezes, são o reflexo da paixão nas cidades pequenas ou daqueles que jogam nas séries B e C do Campeonato Brasileiro e sonham com o acesso à elite do futebol.
Hoje, todas contam com um poder de mobilização muito maior, com quem é membro indo aos jogos e também se envolvendo em campanhas e manifestações relacionadas aos clubes. Assim, criam um espetáculo dentro e fora das quatro linhas.
Afinal, qual a finalidade de uma torcida organizada?
Embora apoiar o time nas arquibancadas durante os jogos seja o foco principal, desempenham diversas outras atividades importantes. Por exemplo, alguns clubes têm escolas de samba que desfilam nos sambódromos. Como a Dragões da Real, que possui as mesmas cores da camisa do São Paulo, a Mancha Verde do Palmeiras e Gaviões da Fiel do Corinthians.
Além disso, também estão cada vez mais envolvidas em projetos sociais de arrecadação de alimentos, brinquedos em datas comemorativas, campanhas de doação de roupas e agasalhos no inverno, entre outros.
Outro aspecto importante é a crescente atuação em movimentos de inclusão. Algumas delas, como a Autistas Alvinegros, permitem que pessoas com necessidades especiais possam trajar a sua camisa do Corinthians, oferecendo um ambiente confortável e seguro nos estádios.
Da mesma forma, em momentos de crise, catástrofes naturais ou grandes eventos de solidariedade, se mobilizam rapidamente para ajudar vítimas, organizando campanhas de arrecadação e apoio, como aconteceu nas enchentes no sul do Brasil.
No entanto, muitas pessoas presenciaram e viram na televisão, episódios polêmicos entre rivais, comprometendo a reputação de algumas dessas entidades. Mas, na verdade, há um trabalho contínuo contra a violência, promovendo a paz nas arquibancadas, com iniciativas de conscientização e projetos de educação.
Quais são as maiores torcidas organizadas do Brasil?
Em primeiro lugar, a Gaviões da Fiel, do Corinthians é, sem dúvida, a maior torcida organizada do Brasil, e também uma das mais conhecidas e influentes. Recentemente, um exemplo da união foi a campanha para ajudar a quitar a dívida de 700 milhões de reais da Arena Neo Química, através de uma vaquinha online.
Em seguida, vale destacar a Mancha Verde, do Palmeiras. Ela conta inclusive com uma ala para as mulheres torcedoras, chamada de Verdonnas.
Outras são:
Jovem Fla do Flamengo
Passando para a Cidade Maravilhosa, a Torcida Jovem Fla investe pesado em camisa do Flamengo e outros itens rubro-negros, tendo uma presença massiva nos jogos.
Galoucura do Atlético Mineiro
A Galoucura é a principal organizada do Atlético Mineiro, um clube tradicional de Minas Gerais. Conhecida pela paixão e mosaicos chamativos nas partidas do Galo, tem um papel importante em ações de movimentos sociais.
Torcida Jovem do Vasco da Gama
A Torcida Jovem, do Vasco, é uma das mais antigas do futebol brasileiro, sendo um dos maiores grupos de apoio ao time carioca. Com uma história de luta e resistência, a presença nos jogos em São Januário é sempre marcante. Além disso, é pioneira em temas voltados à comunidade LGBTQIA+, inclusive lançando uniformes e colocando bandeiras de escanteio temáticas no mês de enfrentamento à homofobia.
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